terça-feira, 17 de julho de 2012

Magia Negra

O facebook é sem dúvida a grande sacada do momento, onde a rede mundial de computadores finalmente encontrou o seu melhor momento, em que as pessoas, quase todas, se reúnem para confraternizar, discutir e se informar. E assim com o mundo transformado numa aldeia, as pessoas trocam idéias e opiniões, elogios, cumprimentos, saudações, buscam soluções, se manifestam políticamente, namoros e casamentos, arte, fotografia, poesia e opiniões.
De nossa parte, desde o começo que já estávamos envolvidos nessas chamadas redes sociais, participando de todas elas e compartilhando com amigos antigos e novos, com tantos que surgiram por mero acaso e que sequer conhecemos pessoalmente, muitos que conseguimos conhecer e que nos permitem inclui-los no rol dos melhores que já tivemos, simpatia, paixão, amizade e até mesmo emoção e amor de verdade. E assim o tempo passando e cada dia maior é o envolvimento de cada uma das células que mantém pulsando esse organismo cibernético mágico e espetacular.
Enquanto cresce esse meu deslumbramento pela auto inclusão no processo, algumas vezes surgiram preocupações pelo comportamento repressor e crítico dos que querem impor suas nem sempre corretas convicções pessoais. E aprendi a aceitar algumas dessas ocasiões, como forma de disseminar simpatia e atenção.
No momento, discuto um texto que surgiu numa postagem, que já chegou destinada a obter aprovação generalizada, porque precedida de uma chamada que induzia a uma conclusão.
Senti uma vontade enorme então de criticar e dizer o que e porque não gostei do texto, que logo é classificado como lindo e maravilhoso por alguns, absolutamente diferente do que penso. Ressalta sobre entrevista da sra. Rosane Collor, no Fantástico, em que, dentre outras "confidências", ela fala sobre rituais de magia negra na campanha presidencial do seu ex-marido e ex-presidente Fernando Collor.
E desenvolve toda imaginação sobre celebridades negras que foram geniais em suas atividades, e outras tantas nem tão célebres e conhecidas assim, mas que foram igualmente citadas pelo autor.
Discordo do seu fecho: O resto é feitiço racista!
Entendo que é uma frase demagógica, mentirosa e desnecessária e achei fora do contexto, desfazendo tudo que estaria escrito antes e poderia ser considerado poético, de homenagem aos que foram citados, pois que me soou como uma antipática manifestação, ai sim, racista, porque racismo vejo explícito  no que foi escrito. E de forma até mesmo equivocada, porque relaciona figuras como Pelé, Milton Nascimento e Michael Jackson.
Pelé, que mesmo negro sempre gostou de louras e brancas, e até renegou uma filha da sua cor; Milton Nascimento tem a cor da pele escura, mas jamais o vi que não fosse com os cabelos alisados e encobertos por chapéus os mais especiais; O americano nem se fala, porque negro do nariz chato, fez de tudo para ficar extremamente branco, contraindo o vitiligo, uma patologia que reduz a pigmentação natural  da pele, além de fazer plástica radical para afilar o nariz.
Dessa forma inquirido, fiquei forçado a me posicionar contra, porque acabei considerado insensível e talvez até de burro, porque não teria entendido o que se chegou a chamar de "sentido metafórico da poesia". E não é porque poesia que se tem de gostar. E o texto não fala em mais nada que se possa chamar de "resto", sem ser criativo na sua construção, chegando quase que ao lugar comum da demagogia.
Eu teria outras considerações a fazer, mas acho que já gastei meu dedo demais com isso.

O texto é este:

MAGIA NEGRA
(pelo Poeta Sérgio Vaz)

Magia negra era o Pelé jogando, Cartola compondo, Milton cantando. Magia negra é o poema de Castro Alves, o samba de Jovelina...

Magia negra é Djavan, Emicida, Mano Brow, Thalma de Freitas, Simonal. Magia negra é Drogba, Fela kuti, Jam. Magia negra é dona Edith recitando no Sarau da Cooperifa. Carolina de Jesus é pura magia negra. Garrincha tinhas 2 pernas mágicas e negras James Brow. Milton Santos é pura magia.

Não posso ouvir a palavra magia negra que me transformo num dragão.

Michael Jackson e Jordan é magia negra. Cafu, Milton Gonçalves, Dona Ivone Lara, Jeferson De, Robinho, Daiane dos Santos é magia negra.

Fabiana Cozza, Machado de Assis, James Baldwin, Alice Walker, Nelson Mandela, Tupac, isso é o que chamo de magia negra.

Magia negra é Malcon X. Martin Luther King, Mussum, Zumbi, João Antônio, Candeia e Paulinho da Viola. Usain Bolt, Elza Soares, Sarah Vaughan, Billy Holliday e Nina Simone é magia mais do que negra.

Eu faço magia negra quando danço Fundo de Quintal e Bob Marley.

Cruz e Souza Zózimo, Spike Lee, tudo é magia negra neles. Umojá, Espirito de Zumbi, Afro Koteban...

É mestre Bimba, é Vai-Vai é Mangueira todas as escolas transformando quartas-feira de cinza em alegria de primeira.

Magia negra é Sabotage, MV Bill, Anderson Silva e Solano Trindade..

Pepetela, Ondjaki, Ana Paula Taveres, João Mello... Magia negra.

Magia negra são os brancos que são solidários na luta contra o racismo.

Magia negra é o RAP, o Samba, o Blues, o Rock, Hip Hop de Africabambaataa.

Magia negra é magia que não acaba mais.

É isso e mais um monte de coisa que é magia negra.

O resto é feitiço racista.

sábado, 14 de julho de 2012

Martelando minha cabeça dura


Tenho martelado nesta minha cabeça dura as coisas que andam acontecendo, e que a cada dia me direcionam para uma mesma conclusão: Estamos vivendo uma ditadura implacável, cruel, perversa e má, mesmo não aparecendo um único ditador. O caudilho do momento é um ser absolutamente abstrato, em que a gente sabe que existe, sente, percebe mas não quer ver, mesmo sentindo a sua presença, o que torna aparentemente perfeita a sua atuação.
As coisas acontecem na forma e na medida dos interesses que elege para cada ocasião, e esta ditadura eu vejo tão poderosa que defenestrou sem disparar um único tiro os militares que antes governaram com mãos de ferro. E têm desmoralizada a classe política sob o seu comando, manipulada e amoldada ao gosto que mais deseja para o momento que decide.
Há, não tem quem me diga o contrário, um casta oculta que explora e direciona tudo que acontece e até o que não acontece em nosso país. Eu via isso claramente quando no período inflacionário, das constantes alterações da economia com a supressão dos zero como se fossem planos de recuperar a moeda, sempre às quintas-feiras apareciam boatos em forma de segredos, dando conta de alguma novidade sigilosa, geralmente dissipada ou desmentida na segunda-feira seguinte, após muita gente ganhar dinheiro com a sua divulgação, em que todo mundo acreditava.
Vejo repetidas vezes transformarem figuras tidas como impolutas e austeras em meros farrapos sociais, mediante a simples divulgação de uma notícia inicialmente banal, mas que em lances da mais evidente transformação se constituem em escândalos gigantescos, incontestáveis e até insuperáveis. O foco passa a ser a cada momento aperfeiçoado em cima daquele assunto, onde as coisas mais simples são expostas com nitidez impressionante.
A literatura mostra obras de ficção onde a imaginação dos autores leva todo mundo a se envolver com as suas criações. E não faltam, nem mesmo nos velhos gibis, os personagens do Homem Borracha, do Homem Invisível, do Mandrake, estes notoriamente heróis que combatiam as maldades dos seus inimigos, sempre praticadas contra o povo indefeso. Hoje a moderna tecnologia da computação gráfica nos apresenta outros algozes, dentre milhares de outros, como O Predador, A Bolha Assassina, e as séries em moda a atrair a atenção de jovens e adultos. São todos visíveis e previsíveis.
Mas os que a minha imaginação de cabeça dura consagrada vê são reais, talvez até com vocação para super-herói, eu não consigo tira-los da minha mente.
Pois bem, eu estive dentro de um desses furacões no célebre caso do Escândalo do Orçamento, porque amigo e então colaborador de um dos seus principais personagens, que era figura tida como promissora, a frequentar os gabinetes dos mais poderosos, galgando destaque e prestígio. De repente, não mais que de repente, um mero caso de polícia de um elemento criminoso funcionário da Câmara, em poucas suas palavras, o caso ganhou a proporção que tomou e todo mundo envolvido desceu descarga abaixo. Até hoje é o maior sacrilégio se dizer uma única palavra em favor de qualquer um desses envolvidos, sem correr o risco de ser vítima de agressões físicas e verbais.
Agora vejo o caso do senhor Carlinho Cachoeira, aquele mesmo que filmou um preposto do governo petista do senhor Lula da Silva recebendo dinheiro por serviços que lhe foram prestados ilegalmente. Na ocasião, chamaram o senhor Cachoeira de "empresário do ramo de loterias" e então se desencadeou o célebre escândalo do mensalão, que sobrevive ativo até hoje, agora mudando de cenário.
Por último, sem quê nem praquê, a Polícia Federal resolveu "investigar" o jogo de bicho em Goiás, e descobre, o que todo mundo de lá já sabia há milhares e milhares de anos, que Carlinhos Cachoeira era banqueiro de bicho, e que bancar bicho é o pior crime que existe sobre a terra e a humanidade, porque qualquer pessoa que, por acaso ou intencionalmente, tenha dado um simples psiu com Cachoeira foi contaminado e passou a ser ladrão e desonesto, sumariamente, independente de qualquer prova ou evidência, bastando simplesmente decifrar o que a conversa possa significar para o investigador, desde que no seu entender se direcione para uma possível imoralidade.
E assim, de gota em gota, a gosto do patrão ditador oculto e abstrato, as frases são pescadas num mar de milhares de horas de gravação, logo tidas como "autorizadas pela Justiça" e possam ganhar ares de autenticidade.
E aquele senador, outrora impoluto e bajulado, acaba com o mandato cassado, porque teria mentido dizendo que era apenas amigo do "contraventor" e não sabia das suas atividades ilícitas, em relatório aprovado, de autoria de outro senador que recentemente fora absolvido de acusações escandalosas de integrar uma quadrilha de corruptos. Terá sido mentira do senador cassado afirmar que o senador relator era uma pessoa honesta e honrada?
Assim, com essa manipulação vencedora, a ditadura atual impõe, à maioria ingênua da população, um mundo de moralismo pragmático, conduzindo-a acintosa, e as vezes até descaradamente, para interpretações precipitadas, com conclusões favoráveis aos seus objetivos de enganar e iludir.
Sei que nada vale este modesto cabeça dura desconfiar da existência dessa ditadura pseudomoralista da mídia a favor dos seus inivisíeis formadores. O que também não impede de que possa escrever e expressar o que penso, que seja apenas a mim mesmo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A gente não passou na Globo...



A expectativa que ficamos para ver a apresentação de Santo Amaro, na Dança da Galera, do Faustão, foi uma decepção. Aquilo nunca foi Santo Amaro... Qualquer pessoa, por mais desinformada que seja, sabe que alguma coisa esteve fora da ordem.
Medíocre a produção, porque não soube sequer escolher o que de melhor poderia mostrar de nossa terra, a começar pela música tema, pois seria até covardia uma coreografia com a "Trilhos Urbanos", de Caetano Veloso, por exemplo, que é um verdadeiro hino de Santo Amaro, com todo um roteiro na própria canção para ilustrar o conjunto da apresentação.
Nem sei se o fato de destacar a moça do cachorro quente teria sido para falar sobre culinária, acho mais uma forma de "pagar" os lanches servidos depois dos ensaios, como falaram. Vocês imaginem se esses caras decidissem por mostrar o acarajé de Neusa; já pensaram se decidem mostrar uma moqueca de arraia, daquelas servidas no Mercado; ou um efó, ou uma maniçoba, ou até mesmo um caldo de sururu, com um escaldado de caranguejo. Não!!! Foram falar de cachorro-quente e hamburguer na chapa... Parece mentira...
Será mesmo que nossa economia se resume numa modesta Casa de Farinha? Pelo menos mostrassem os deliciosos e finíssimos beijus que são vendidos na feira...
Quando anunciaram as "figuras carimbadas", a minha primeira idéia é que iriam mostrar, pelo menos, o Ling Ling contando sobre seu medo de cágado, ou pedindo um real pra tomar uma cooooca cooooola... ou mesmo perguntando se tem um quintal pra ele limpar... Ou outras figuras que tem sido caracterícas da cidade no campo das artes, do artesanato, da cultura popular, do folclore...
E já pensou se essa gente mostrasse o grupo de samba de roda de Nicinha, o Maculêlê de Popó, a capoeira de Bezouro, a chula de Roberto Mendes, pra não querer esnobar ainda mais com Caetano, Bethânia e essa turma de jovens músicos que alimentam o sucesso das bandas mais famosas da Bahia. Eu pensei que pelo menos a Casa de José Silveira seria, no mínimo, citada.
Mas não. Mostraram outra coisa, com as pessoas que ali dançaram pensando que iriam defender o nome de Santo Amaro.
Nem sei mesmo de quem foi a culpa, porque o apresentador da Globo não conhece ou não quis conhecer Santo Amaro, e foi incompetente o bastante para não querer fazer uma produção de respeito.
Ou o dito cujo foi mero apresentador, com a produção a cargo do secretário de cultura, Rodrigo Veloso, tão elogiado. Ou tudo junto e misturado.
A fonte de nossa terra não secou, com certeza...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Guardião é quem manda

Já houve um tempo em que todos temiam um perverso chamado SNI - Serviço Nacional de Informações, que bisbilhotava a vida de todo mundo, bastava haver se manifestado de alguma forma contrário ou mesmo não simpático ao sistema de ditadura vigente a partir de 1964. Até este pobre e inexpressivo cidadão aqui teve barradas as pretensões de entrar na Petrobras, porque havia uma informação: "Pessoa ligada a elementos subversivos desde a revolução de 64". Meu anjo de guarda me protegeu, como sempre, e meu destino foi outro, do qual me sinto satisfeito. Nada a reclamar da vida que consegui viver e atravessar até hoje.
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Certa ocasião, quando houve aquele confisco da poupança no início do governo inacabado de Collor de Melo, discutindo sobre o fato e jogando conversa fora, disse que o país estava comandado por um programa de computador que monitorava as contas bancárias de todos os brasileiros, e por elas o governo faria o que bem entendesse, pois bastava no final do mês não pagar o salário de cada cidadão. E o que vemos é que há um comando central nas mãos de poucos bancos que nos cobram até o arcondicionado de suas agências e a simpatia e elegância dos gerentes quando nos oferecem um simples cafezinho.
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Agora, contudo, a situação é bem pior. Pois não basta apenas a centralização de todas as contas bancárias de todos os brasileiros - até do simples e mais humilde aposentado rural. Há em vigor um tal de sistema "Guardião", que monitora qualquer aparelho telefônico, até mesmo aquele celular que o modesto trabalhador da roça utiliza para "gastar os bônus" em plena atividade rural. Cada chip é uma célula desse monstro e está disponível na máquina de espionagem, mediante um simples clic. É só discar o número do telefone e lá estão todos os contatos realizados, desde o momento em que o aparelho tiver sido habilitado.
Justificam o seu uso para investigações, e só seriam acionados mediante autorização judicial. Muito bem, mas quem fica com o seu comando é a ordem judicial, talvez através de uma senha exclusiva para acionar no momento necessário??? NUNCA!!!!
Esse comando da máquina está nas mãos de qualquer operador contratado, terceirizado ou efetivo, subordinado a um chefe político designado pelo governo do momento, que esmiuça a vida de qualquer pessoa, até mesmo como forma de diversão e entretenimento, como se fosse uma espiadinha "na casa do BBB".
Ai, acontece o que está acontecendo, em que um ex-vereador de São Paulo foi guindado à condição de Ministro da Justiça, e dispõe do comando desses operadores, e tem em suas mãos, através de simples pen drives, qualquer conversa mantida, mesmo que seja em troca de emails da internet, por autoridades, de seus adversários, de seus inimgos e até mesmo de correligionários.
E nada me convence que as tais autorizações judiciais não são concedidas mediante a apresentação das escutas já realizadas, de forma a forçar os juizes autorizadores a legalizar uma já executada do interesse político ou até mesmo policial, de maneira brutalmente parcial, em que a pessoa sequer desconfie que tenha sido investigada.
E a partir dai, tendo nas mãos todas as ligações feitas pelo seu alvo, é fácil decifrar ao bel prazer os diálogos encontrados, dando as interpretações que acharem dos seus interesses, vazando para a imprensa o que é conveniente e fabricando escândalos gigantescos.
Assim, superando o velho SNI, o sistema Guardião é quem manda atualmente, porque privativo de órgãos públicos oficiais, e não tão caros assim, todos os governos estaduais, ministério público, autarquias, secretarias, e talvez até prefeituras, podem adquiri-los e fazerem o uso que ultimamente estão fazendo, para fins políticos, investigações de suspeitas de crimes, corrupção, tráfico, indusutriais e ou empresariais, como é voz corrente em todos os lugares.
Ora, se depende de autorização judicial para proceder escutas telefônicas, esse comando Guardião deveria estar nas mãos da Justiça, através de servidores de fé-pública e ilibada honestidade.
Ou então que seja extinto definitivamente, como um monstro perverso que intimida toda população, que sequer tem uma pequena idéia do que ele seja, como eu imagino e exponho essa minha opinião.
E se faça as investigações de forma tradicional, mediante o exercício de habilidade e inteligência, dentro de padrões científicos de perícias técnicas, como só assim deveria acontecer.
Continuo a favor do estado de direito, e da presunção de que todos são inocentes perante a lei, até que se prove o contrário.

 http://www.istoe.com.br/reportagens/199108_DADA+E+O+SUBMUNDO+DOS+GRAMPOS

terça-feira, 17 de abril de 2012


Demóstenes, Cachoeira e espionagem

Há dias que venho evitando entrar nesse assunto de Carlinhos Cachoeira, porque entendo que tudo isso se trata de uma reles manipulação da população, querendo distorcer fatos, inventar outros e manter a mesma unidade de safadeza e corrupção. Há uma eterna crise político-governamental no país, que nos faz ter uma idéia, aqui, do que ocorre na Venezuela, e que nos chega ao conhecimento através de noticiáriuo que entendo também completamente dirigido e maquiado. Não engulo nada do que dizem e nem acredito numa única letra do que se divulga sobre tudo isso.
O noticiário dominante é sobre o escândalo de Carlinhos Cachoeira e o envolvimento do senador Demóstenes Torres, que se mostrava acima de qualquer suspeita e impunha um perfil de seriedade, ética e combatividade contra atos de improbidade na política. Preso acusado de ser responsável por exploração de jogos de azar, surgem as mais estapafúrdias revelações de diálogos com políticos de vários partidos, empreiteiros e autoridades, como se relacionar de alguma forma com esse "vírus" da política ora descoberto fosse igualmente uma epidemia de consequências devastadoras.
A imprensa se refere ao Carlinhos Cachoeira sempre como chefe de quadrilha, de contraventor, de bandido como se contra ele já houvesse alguma culpa formada, se já houvesse condenação definitiva ou mesmo acusação formal nesse sentido. E nunca o chamam de empresário ou político, ou de acusado, justamente o que representaria a sua qualificação civil no momento. Mas o que se pretende mesmo é desqualificar e execrar o cara para que nada que se diga a seu favor possa ser de alguma forma acolhido, e enlameie ainda mais quem com ele se encontrou.
E então, começam a surgir, em conta gotas, grampos e mais grampos que teriam sido feitos dos seus telefones, com conversas que nos são trazidas já com as interpretações imaginadas e até traduzidas pelos órgãos policiais, muitas vezes sem convencer a quem tenta entender as coisas pelo outro lado, e não pelo que querem empurrar em nossa goela.
E justamente por isso eu não acredito em nada do que tem sido divulgado, porque mostram trechos de gravações aleatórios, sem que se saiba o que antecedeu na conversa, se aquele trecho escolhido faz parte de algum contexto pertinente ao que inculcam ou são apenas escolhidos para ilustrar o volume de sensasionalismo que querem transformar em escândalo. Eu entendo que se as investigações e os inquéritos são chamados de "segredo de justiça", porque tantos diálogos são assim tão amplamente divulgados, sem que outros sobre o fato sejam trazidos ao nosso conhecimento?
É comum acrescentar, antes de qualquer nova "descoberta" de gravações, que seriam "feitas por determinação da Justiça", para dar um ar de legalidade. E também não engulo, principalomente porque o noticiário é uniforme em todos os órgãos de imprensa, notadamente os maiores, justamente os que se abastecem de maneira privilegiada do noticiário oficial, leia-se Jornal Nacional, essa história de "novas gravações", porque apontam para datas antigas, conversas de anos passados. Se a autorização e o inquérito são recentes, porque as gravações são antigas? Para burlar isso, chegam ao displante de dizer que vinham monitorando há muitos anos, embora antes nenhuma informação ou notícia tenha sido conhecida.
Por tudo isso, a mim não convence que somente agora esse Carlinhos Cachoeira seja essa excrescência toda, a ponto de manchar e macular qualquer pessoa que tenha com ele algum tipo de contato, e qualquer que seja a conversa tenha sido para efeito de trambicagem, como se a uma pessoa com o poder e a importância que ele sempre teve em todos os meios oficiais, não se sentisse com prestígio e influência para pedir e indicar pessoas para cargos públicos ou execução de obras públicas para movimentar as respectivas empresas construtoras ou de negócios ou de serviços.
O que eu quero dizer neste exato momento é que estamos diante de um estado policialesco, onde nem o editor deste anônimo e solitário blog está isento  de ser monitorado, e ter todas as suas conversas telefônicas de todo o tempo de sua vida vasculhadas, a revelar as conversas românticas com minhas amigas, ou uma tenttiva de fazer novas amizadas, meus passeios para tomar cafezinho e um delicioso sorvete com simpáticas e deliciosas jovens que gostam do meu papo experiente e bem humorado.
Depois eu volto ao assunto.

terça-feira, 27 de março de 2012

Uma rapidinha

E por falar em cabeçudo, porque sei que tem gente que veio aqui agora para conferir, quero dizer que no momento estou completamente light, com pouca coisa pra contestar.
O que deixa um cabeçadura feliz é ver que teve razão em alguma coisa que ficou contra. Por exemplo, essa novela Fina Estampa que acabou, em que logo no primeiro capítulo a isolei, porque achei demagógica, chata, além de ser estrelada por duas igualmente chatas de galocha - Cristiane Torloni e a chorona Lilian Cabral.
Agora vejo todo mundo esculhambando etc e tal. E isso para um kabeçadura é um troféu.
Assim, e por toda uma história de vida em que me tornei um famoso cabeçadura, que não hesitei em escolher ser considerado um cabeçudo. E quem não quiser acreditar que não acredite, porque estou assumindo publicamente essa condição. Pois sim...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A moda do preconceito

A minha cabeça dura está voltada agora para um modismo que está enchendo o meu saco, e que as vezes reverbero contra e poucos são os que ficam do meu lado, justamente pelo hábito de acompanhar a moda. Refiro-me a essa mania de acharem preconceito em tudo. Coisas simples, rotineiras que enfrentamos no dia a dia, passam de uma hora para outra a serem detestadas sob o rótulo de preconceito.
Isso já é uma coisa velha que nunca engoli, porque a vida toda estive envolvido nos mais diversos lugares, eventos e ocasiões, e vira e mexe vem esse papo chatissimo. E por causa disso, não se pode dizer mais nada que não seja aquilo chamado politicamente correto, para logo ser tratado como reacionário, preconceituoso e até racista.
O que me fustiga agora é a música de Carlinhos Brown que não foi contemplada com o Oscar no domingo passado, e as pessoas logo começaram a dizer que foi preconceito por ele ser negro, ou por não ser americano, ou sei lá o quê. E eu não concordo de forma alguma, achando que houve uma disputa pau a pau com outra coconrrente, e que apenas a dele não foi escolhida. E cheguei a comentar isso no facebook, como é praxe agora acontecer, algumas pessoas ficaram contra a minha opinião.
Ora, primeiro se houvesse o preconceito que afirmam, a composição dele nem seria indicada, mesmo sendo o filme uma produção da poderosa Walt Disney. Segundo, quem encabeça a autoria da música é famoso músico Sérgio Mendes, que nunca foi considerado negro e é bem americano. Por ai vejo que não procede essa história de preconceito nesse caso.
Ai vêm com a história de Barack Obama que é negro mas a mãe é americana, enquanto até mesmo a sua nacionalidade - dele, Obama - chegou a ser contestada. De onde então estaria o preconceito de americano com negro, nesse caso, visto que a escolha de um presidente lá não é assim de forma direta e demagógica como a nossa, onde o candidato pode ser qualquer um que tenha título de eleitor, mesmo que pouco saiba ler ou escrever.
Obama pra chegar a presidente, além da maioria dos votos, teve também que passar por toda a sociedade americana através de debates, indicações dos partidos, prévias em todos os estados. E negro, a prevalecer a idéia do preconceito da moda, jamais chegaria a cargo tão importante e se tornar a pessoa mais influente do mundo.
Nisso surge a ilustração de uma música composta por Caetano Veloso - Americanos - cuja letra, fosse composta agora, enfrentaria sérios problemas, visto que o patrulhamento é constante, perseguidor e forte:
 ...
Veados americanos trazem o vírus da AIDS
Para o Rio no carnaval

...
 Para os americanos branco é branco, preto é preto
(E a mulata não é a tal)
Bicha é bicha, macho é macho,
Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro 

...
E veja bem, nem assim eu vi qualquer preconceito no que Caetano escreveu, embora toda hora ele se contradiz em alguma coisa. Já disse que é "Proibido proibir", mas já entrou na justiça para impedir a divulgação de uma revista que trazia a foto dele com uma negra linda. E com certeza não foi porque a moça era negra ou linda, com certeza.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Governo prepotente quer desmoralizar os policiais em greve

Seria ingênuo admitir que os policiais sairiam para um confronto desses sem o seu principal instrumento de trabalho, A ARMA DE FOGO!!!
Mas trazerem milhares de soldados do exército (alguns despreparados que não sabiam manusear uma simples bomba de gás) e até força especial da PF, e nada fazerem para conter os bandidos e a violência nas ruas, é rídiculo e uma prova de incompetência e irresponsabilidade.
Estão acuando os PMs da greve para desmoralizá-los, só isso.

E ainda vem lembrar de ACM, como viúvas saudosistas, quando o atual cabeça branca já está no segundo mandato. Falam tanto que já suplantaram aquele período, e agora vem com a mesma conversa mole.

E deixa dessa história de democracia, que não se faz democracia com violência, intimidação e prepotência... Se fossem os MST, que invadem armados exibindo facões como se fossem sabres e espadas, lá estariam colchões, cestas básicas, sanitários químicos e até ajuda de custo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Povo que se lixe...

Quando entrei na Justiça para suprir a vaga do então oficial do registro de imóveis, Carlos Boa Morte, que fora aposentado compulsoriamente, já estava em vigor o regime de oficialização, imposto pela então Organização Judiciária do Estado, implantada ainda no governo de Lomanto Júnior. Novembro de 1968 portanto, os cartórios que vagassem a partir dai já seriam do Estado, menos na capital, onde permaneceria o velho regime de custas.
Lá para as tantas, valendo-se da sua arrogância e do regime de ditadura vigente, Antonio Carlos Magalhães, com seu poder de governador biônico, decretou a oficialização também na capital, e apesar de todos os argumentos possíveis e tidos como imbatíveis, esse regime perdurou por mais de quatro décadas.
Agora, como que se estivessem descobrindo uma nova fórmula de fazer menino, surge o Conselho Nacional de Justiça - o famigerado CNJ - e "descobre", com o se fosse o maior absurdo, que o único estado da federação em que os cartórios extrajudiciais não são privatizados é a Bahia, e decreta o seu fim de forma sumária e absoluta, sem pensar em nenhuma das suas consequências.
E com isso implantou-se imediatamente o caos, porque nas capitais e nas grandes cidades, regime de custas é absolutamente rentável, mas nos demais lugares é impossível existir o mais simples cartório, sem que haja uma reviravolta completa em toda a Lei de Organização Judiciária, notadamente com referência às condições de preenchimento desses cargos, tidos como privativos de bacharel em direito.
E assim, os tabeliães, oficiais de registros civil, imóveis, títulos, documentos e demais em Salvador passaram a criar todo tipo de dificuldades para o cidadão, pois que também não interessava mais ao Tribunal de Justiça subsidiar tais repartições se dela não mais perceberiam os recolhimentos de custas, consideradas como rentáveis para o Poder Judiciário.
No interior todo, afora as cidades maiores, a situação de cada serventuário seria tranquila pois lhes foi dado o direito de optar em permanecer como servidor do Judiciário. Mas os cartórios, quem vai querer ser serventuário onde a arrecadação não dará nem para o mais barato aluguel?
Ai então, para que haja um elementar registro de nascimento de um bebê, por exemplo, em Santo Amaro, terá que haver um cartório privatizado, a cargo de um bacharel em direito que não poderá advogar na comarca e nem fora dela. E por melhor que seja o movimento dos registros, e com a obrigação de fornecer certidões gratuitas, a arrecadação jamais será atraente a ponto de funcionar esse cartório. Isso dando exemplo Santo Amaro que é uma cidade de porte médio, imagine as cidades ainda menores e os seus respectivos distritos.
Ou um colapso acaba de ser instalado nesse ramo de atividade, ou teremos que voltar ao velho esquema dos cartórios de fundo de quintal, onde o titular não precisava saber ler e escrever bem, e poderia ser colocado num quartinho qualquer como se fosse uma quitanda de vender abóbora em pedaços, umas folhas enfusadas na cachaça, azeite de dendê e coentro.
E pior de tudo isso é que essa imposição do CNJ, tida como que corregedora do sistema cartorário na Bahia, não se tratou de uma coisa automática, como se fosse um grosseiro erro do judiciário baiano. Não. Foi preciso se mandar mensagem para o Legislativo e este aprovar uma nova lei com a minuta do CNJ, emenda dos deputados e os protestos do Tribunal de Justiça e dos servidores do Judiciário.
Ora, se precisou criar uma Lei para revogar aquela outra anterior, é claro que a que estava em vigor era legal.
Agora, ainda fruto do lobby dos cartórios das cidades grandes, o povo continua sofrendo nas filas e nas madrugadas, porque sequer essa gente tem a sensibilidade de implantar um sistema de agendamento, que permita ao usuário comparecer no dia e na hora marcados.
E a Corregedora do Tribunal de Justiça diz em entrevista que essa situação estará solucionada definitivamente até o dia 30 de março, como se isso pudesse ser verdade.
Essa gente fala as coisas e pior que tem gente que acredita.
É por isso que eu continuo com minha KABEÇADURA!!!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

COISAFOBIA

País está muito chato ao ver discriminação em tudo
Por Carlos Brickmann

[Texto publicado na Coluna Circo da Notícia, no Observatório da Imprensa]

David Nasser, turco que gostava de ser chamado de turco, compôs uma beleza de batucada: "Nega do Cabelo Duro". Oswaldo Santiago e Paulo Barbosa brincaram com os chineses ("Lá vem o seu China na ponta do pé/ lig, lig, lig, lig,lig, lig lé (...) chinês, come somente uma vez por mês"), Adoniran Barbosa falou dos judeus ("Jacó, a senhorr me prometeu/ uma gravata, até hoje ainda não deu/ faz trrinta anos, que esto se passarr/ e até hoje o gravata não chegarr"). Lamartine Babo disse que a cor da mulata não pegava. Racismo? Racismo é a mãe!

Pois não é que agora querem ver discriminação racial em tudo? Há dias, um artigo assinado por um desses intelectuais com gavetas cheias de diplomas e uma cabeça vazia de ideias e raciocínio fez duros ataques ao ator Marcelo Serrado, que faz o papel de bicha louca numa novela. Dois eram os principais argumentos: primeiro, que a bicha louca fazia trejeitos de bicha louca, e isso provocava homofobia; segundo, que o ator disse que não gostaria que sua filha de sete anos visse um beijo gay na TV, e isso, para o professor-mestre-doutor-sabetudo, também é homofobia. Cá entre nós, homofobia é a mãe.

Primeiro, o ator faz papel de bicha louca porque é assim que seu personagem na novela deve se comportar. Anthony Hopkins se comporta como canibal em O Silêncio dos Inocentes porque seu papel é de canibal. Se é para criticar alguém, que se critique o autor — mas como acusar de homofobia exatamente um dos maiores lutadores contra a homofobia, Aguinaldo Silva, que há uns 30 anos editava o jornal Lampião e enfrentava o moralismo da ditadura? Ah, Lampião! Ali estavam também Antônio Chrysóstomo, Jean-Claude Bernardet, João Antônio, João Silvério Trevisan, Peter Fry, tudo gente de primeiro time. Um belíssimo jornal.

Segundo, há gente que tem medo até de olhar para gatos (é uma doença, a ailurofobia). E daí? Se ninguém os obrigar a pegar um gatinho no colo, se o ailurófobo não sair por aí maltratando gatos, tudo bem. Há gente que odeia salas sem janelas. Se não forem obrigadas a entrar nestas salas, se não saírem quebrando os móveis, e daí? O ator não gostaria que sua filha de sete anos visse um beijo gay na TV. Este colunista não gosta de ver essas lutas de UFC e muito apreciaria que seu filho também não gostasse. Mas ele as aprecia. O colunista não gosta de comer bacalhau. E daí, cavalheiros? Alguém pretende processá-lo por negar-se a ver pessoas brigando? Estará insuflando a bacalhaufobia? Sejamos sérios!

Este país está ficando muito chato. Este colunista é gordo, não "forte". Todo mundo que tem a sorte de não morrer cedo fica velho, em vez de "entrar na melhor idade". Anão é anão, preto é preto, cego é cego. Afrodescendente? O material científico disponível informa que o Homo Sapiens tem origem na África. Todos somos, portanto, do negão ao sueco albino, afrodescendentes.

E, lendo essas coisas que a gente vê por aí, é preciso firmar opinião: seja qual for o número de diplomas que ostente, burro é burro.

Carlos Brickmann é jornalista e diretor da Brickmann&Associados.

Revista Consultor Jurídico, 18 de janeiro de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Os chatos sempre existiram...

Em todos os tempos que  tive a oportunidade de acompanhar sempre existiram aqueles tipos chatos que a tudo combatem, que a tudo contradizem e que para tudo cobram e esperam soluções e resultados, mesmo sem apontar os mais elementares caminhos.
Normalmente são pessoas tidas como esclarecidas, intelectuais e naturalmente antipáticas. Eu até já andei circulando por esses grupos, anônima e isoladamente, mas nunca fui levado a sério porque talvez seja mesmo apenas um cabeça dura.
Mas o que me desperta agora é essa onda de manifestações que invade as redes sociais, notadamente o facebook, em que uns tantos intelectualóides se posicionam contra as coisas mais obvias e lógicas do mundo, transformando-as em verdadeiros desafios, a convocar adesões e arregimentar manifestantes reais.
Tem um grupo que tenho acesso, formado por jornalistas, todos aparentemente de esquerda, e todos habitando uma casta de profissionais de excelentes textos, que vive em permanente mau humor e se contradiz a todo momento, logicamente que dentro da minha concepção.
A cidade do Salvador e o governo municipal são os alvos constantes das penas dessas ilustres figuras, embora se saiba que alguns deles são encarregados de produzir textos nas assessorias de comunicação da prefeitura, do governo do estado, suas autarquias e por ai vai. Mas como se sentem como se estivessem numa mesa de bar conversando fiado, falam e protestam abertamente.
E criticam a rede globo, e criticam os donos de jornais que seriam subservientes, e criticam os colegas que se submetem ao que chamam de ditadura dos editores, e criticam a cantora que teria cometido um deslize, e criticam João Gilberto pelos exageros, Roberto Carlos por ser Rei, acham absurdo o pagode baiano, abominam o funk carioca, a música sertaneja, o arrocha baiano, e até o programa do Faustão...
Na verdade ninguém sabe do que eles gostam, até aparecer um e elogiar "aquela cantora que estava no barzinho ontem de noite", comparando com Elis Regina ou Maria Bethânia. Mas de repente, porque o garçom cobrou uma cerveja a mais na conta, retornam ao ponto de origem dos protestos contra a Polícia que não vê isso, a Prefeitura que libera os bares desses ladrões e lá vai a mesma rotina.
Agora repetem os "protestos" contra o BBB, um programa engana trouxas que a Rede Globo exibe diariamente neste período do ano para encher chouriça, onde sempre escolhe, dentre milhares e milhares de candidatos os mais extravagantes, exóticos e bizarros possíveis, um representante de classe, não sei se social ou econômica. Mas tem que ter um viado, um negro, uma sapato, uma garota de programa, uma baiana, um engenheiro, um médico, no mesmo formato de todos os anos.
Na primeira festa promovida, regada a muita bebida e putaria, lá para as tantas começam a se amassar mutuamente os participantes, uns mais do que outros até que, depois, alguém vislumbra um lance erótico, que e a nossa sociedade, atenta e moralista, aponta como uma tentativa de estupro, enquadrado na atual legislação penal sobre a espécie. E o mundo vem abaixo. A polícia manda parar o BBB para ouvir os participantes como testemunhas, e o estuprador é afastado do programa.
Ai se esquecem do suposto estupro e direcionam as críticas para o fato de que o rapaz era negro, e de racismo porque ele foi afastado nessa condição, e que a mulher fora violentada na sua dignidade por ter sido forçada. E convocam-se ministros e ministérios, ongs e delegacias, juízes e promotores...
Ai eu não agueeeeeeeeento... Sem mais comentários...
É por isso que vou continuar um KABEÇADURA...

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Um tango para Tereza...

Nem sei exatamente em que ano foi, mas tem pelo menos uns trinta que encontrei o Capitão Fraite - Osvaldo Figueredo - na Ladeira da Praça numa segunda-feira gorda da Ribeira, por volta das 17 horas. Tanto ele quanto eu tínhamos vindo de lá, e aproveitamos para "bater mais uma".
Fraite ia para a Rodoviária e eu ia pra Oliveira onde morava, e onde também estava morando o Capitão. Dai acabou a pressa, pois iríamos de carro. Mais um tira-gosto e mais umas duas cervejas. Boca da noite, seguimos viagem e paramos na primeira churrascaria que encontramos na estrada, e mais umas duas cervejas e mais tiragosto.
Ao passar em Amélia Rodrigues, o espírito bregueiro despertou para uma parada na tradicional "boite" de lá, nos tempos em que havia um salão, mulheres e quartos para alugar.
- Será que tá funcionando hoje, segunda-feira? Respondi perguntando a Fraite, tentando desviar a sua vontade de uma parada.
- Claro!!! Respondeu - já viu brega fechar???
Encostei o fusca na porta de entrada e entramos. Duas ou três galinhas mortas e uma canção de Waldick Soriano na vitrola. Pedimos uma cerveja e logo meu companheiro tira uma dama pra dançar. Colocaram as músicas românticas de maior sucesso nos puteiros. E então entra uma na voz de Ângela Maria, e nos primeiros acordes atiça o espírito boêmio e, em vez de cerveja, Fraite manda botar uma dose de uisque, enquanto continuei na cerveja já também dançando com a minha dama.
E terminada a música ele brada autoritário; - Repita o Tango para Tereza... E mais um uisque...
Eu nunca fui de beber bebida mais forte, no máximo uma ou outra dose. Meu negócio era cerveja. E seguimos noite adentro dançando repetidas vezes a mesma canção, e repetindo a mesma dama, tanto ele quanto eu. Já era bem tarde quando percebemos que estava apenas a gente e uma moça servindo a bebida e repetindo o disco.
Nem tínhamos idéia de quanto era a conta a pagar, mas pagamos e fomos para o quarto cada um com a sua. Precisávamos chegar em casa qualquer que fosse a hora, porque de manhã cedinho cada um ia trabalhar, ele no Banco do Brasil e eu no Cartório de Imóveis.
O sol quente na cara nos despertou por volta das sete horas, o que já era bem tarde, já que ainda íamos pra casa em Oliveira. O acerto de contas para pagar o aluguel dos quartos e das raparigas foi um drama, pois ninguém mais tinha nem um tostão. As mulheres querendo dinheiro e a cafetina também, vi a hora do circo pegar fogo. Mas Capitão Fraite, mais decidido, decretou: - Bebemos aqui a noite toda e pagamos a conta das bebidas e ninguém vai pagar mais nada.
E saímos. Os protestos, as ameaças de chamar fulano e sicrano e entrei no carro, meu velho fusca. Bato na chave e nada. Insisto e nada. Ai disse a Mano (outra forma de chamar Fraite): - Estamos fudidos...
E fui olhar o motor, que estava com a porta aberta. Conferi e nada do rotor... E agora??? Dei outra olhada e encontrei o rotor no cantinho. Alívio... Felizmente alguém apenas quis pregar uma peça em nós outros desatentos em deixar a tampa do motor do carro sem a chave.
Colocado o rotor no lugar, liguei a ignição e o fusca roncou forte antes que um cara parecendo leão de chácara chegasse perto. Rumamos para Santo Amaro direto para trabalhar...
Até hoje nosso cumprimento é o mesmo:
- Um Tango para Tereza...
(Mas a lembrança desse caso veio em razão da Segunda-feira gorda da Ribeira...)