quinta-feira, 26 de março de 2015

O valioso tempo dos maduros



Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo
que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade

sábado, 7 de março de 2015

O paredão múltiplo do dr. Junot


Tão inútil quanto o do BBB, o paredão múltiplo do dr. Junot, armado pelos “gênios” marqueteiros do planalto, e como toda a propaganda enganosa, produziu muito barulho mas nenhum resultado. Um desfecho conduzido para ser anunciado num fim de semana, em pleno Jornal Nacional, com enorme expectativa e prenúncio de audiência recorde, em que não se acrescentou uma única letra a tudo que já era de conhecimento público, deixando apenas frustração , decepção e descrédito, porque os nomes que mais se esperavam não foram citados, e o deboche ao comunicar que o nome da presidente deixou de ser citado porque o tal dr. Junot se julga incompetente para investigá-la.
Divulgada a lista do paredão, nenhuma novidade, nenhum nome bombástico como se esperava, apenas um de partido de oposição, mas se tem notícia de que a acusação é  tão frágil que servirá mais para a consagração do investigado. E como pessoas ingênuas ou desinformadas, os repórteres e apresentadores se revezam em apontar o caminho seguinte à divulgação da lista pelo STF, e se esforçam repetidamente para dizer o óbvio, ou sejam serão investigados em diligências determinadas ou acompanhadas pelo relator.
Cá de fora nós é que perguntamos: - E agora, como é que fica?
Na verdade não fica. Já se fala que a presidente tem um projeto de lei para a dissolução do congresso, e assim o executivo ditar e aprovar as leis ao seu bel prazer e conveniência. Vivemos num mundo de tapeação e mentiras, em que não se tem como acreditar em nada, em nenhum poder, principalmente no judiciário, porque sendo este o guardião do direito, assistimos o arbítrio arrogante, com torturas através de assédio contra suspeitos que permanecem presos e incomunicáveis, onde se abusa dos processos secretos ou sigilosos, na expectativa de vencer o acusado pelo cansaço.
Seria compreensível o processo político nos meios políticos dos parlamentares e dos partidos, mas incompreensível que isso ocorra através de ações judiciais e do judiciário, em que o ministério público, que é o advogado da sociedade, se ponha em posição duvidosa e sem consistência. Sabe-se que o dr. Junot está prestes a terminar o seu período como procurador, e tentou lavar as mãos ao não denunciar os investigados, não incluir a presidente e o ex, notórios beneficiários das propinas do petrolão, enquanto aguarda uma nova indicação do seu nome, a ser homologado pelo congresso.

A verdade é que o paredão está formado, e como o BBB da TV, completamente inútil.

quinta-feira, 5 de março de 2015

A lista é lógica

Direito é lógica, isso é definitivo e irrecorrível. Mas se assiste a manipulações infinitas de que nada existe e que tudo precisa ser dito e muito bem explicado, e muitos ainda ficam em dúvida do que estão vendo e ouvindo, como se o fato do dia fosse o primeiro a acontecer no mundo.
E como se não houvesse lógica e consequentemente o direito, o Brasil está parado esperando a decisão pessoal de um único ministro para escolher os que vão para a fila de abate público do petrolão.
Mesmo a conta gotas e ao arbítrio do juiz presidente do Lava Jato, um noticiário dirigido convenientemente para ilustrar a operação já divulgou os nomes dos que foram apontados pelos delatores premiados (!), e tudo é tido como verdadeiro, mesmo tendo no rol pessoas falecidas e que jamais poderão se defender.
Sem precisar da ponta do dedo duro dos supostos criminosos presos, a ser verdade que houve mesmo distribuição de propina e distribuição da comissão petista de 3% que qualquer barbudinho nomeado sabe que existe, o que deveria se buscar era tão somente para onde foi o dinheiro, e os alcaguetes premiados já disseram que foi para as campanhas eleitorais, dentre outros, do Lula e da Dilma.
E em assim sendo, como dão tanta veracidade e se comemora quando surge um nome da oposição, porque o segredo e o sigilo, que embora pareça não são a mesma coisa?  
Ou se tem medo de algo muito mais grave e que já seria do conhecimento daqueles que hoje são os donos da verdade, ou querem aproveitar o escândalo para as manobras rasteiras de costume, que nada têm de lógica e nem de direito.
Termina no final do mês o ano do cinquentenário da gloriosa.