quarta-feira, 18 de abril de 2012

O Guardião é quem manda

Já houve um tempo em que todos temiam um perverso chamado SNI - Serviço Nacional de Informações, que bisbilhotava a vida de todo mundo, bastava haver se manifestado de alguma forma contrário ou mesmo não simpático ao sistema de ditadura vigente a partir de 1964. Até este pobre e inexpressivo cidadão aqui teve barradas as pretensões de entrar na Petrobras, porque havia uma informação: "Pessoa ligada a elementos subversivos desde a revolução de 64". Meu anjo de guarda me protegeu, como sempre, e meu destino foi outro, do qual me sinto satisfeito. Nada a reclamar da vida que consegui viver e atravessar até hoje.
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Certa ocasião, quando houve aquele confisco da poupança no início do governo inacabado de Collor de Melo, discutindo sobre o fato e jogando conversa fora, disse que o país estava comandado por um programa de computador que monitorava as contas bancárias de todos os brasileiros, e por elas o governo faria o que bem entendesse, pois bastava no final do mês não pagar o salário de cada cidadão. E o que vemos é que há um comando central nas mãos de poucos bancos que nos cobram até o arcondicionado de suas agências e a simpatia e elegância dos gerentes quando nos oferecem um simples cafezinho.
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Agora, contudo, a situação é bem pior. Pois não basta apenas a centralização de todas as contas bancárias de todos os brasileiros - até do simples e mais humilde aposentado rural. Há em vigor um tal de sistema "Guardião", que monitora qualquer aparelho telefônico, até mesmo aquele celular que o modesto trabalhador da roça utiliza para "gastar os bônus" em plena atividade rural. Cada chip é uma célula desse monstro e está disponível na máquina de espionagem, mediante um simples clic. É só discar o número do telefone e lá estão todos os contatos realizados, desde o momento em que o aparelho tiver sido habilitado.
Justificam o seu uso para investigações, e só seriam acionados mediante autorização judicial. Muito bem, mas quem fica com o seu comando é a ordem judicial, talvez através de uma senha exclusiva para acionar no momento necessário??? NUNCA!!!!
Esse comando da máquina está nas mãos de qualquer operador contratado, terceirizado ou efetivo, subordinado a um chefe político designado pelo governo do momento, que esmiuça a vida de qualquer pessoa, até mesmo como forma de diversão e entretenimento, como se fosse uma espiadinha "na casa do BBB".
Ai, acontece o que está acontecendo, em que um ex-vereador de São Paulo foi guindado à condição de Ministro da Justiça, e dispõe do comando desses operadores, e tem em suas mãos, através de simples pen drives, qualquer conversa mantida, mesmo que seja em troca de emails da internet, por autoridades, de seus adversários, de seus inimgos e até mesmo de correligionários.
E nada me convence que as tais autorizações judiciais não são concedidas mediante a apresentação das escutas já realizadas, de forma a forçar os juizes autorizadores a legalizar uma já executada do interesse político ou até mesmo policial, de maneira brutalmente parcial, em que a pessoa sequer desconfie que tenha sido investigada.
E a partir dai, tendo nas mãos todas as ligações feitas pelo seu alvo, é fácil decifrar ao bel prazer os diálogos encontrados, dando as interpretações que acharem dos seus interesses, vazando para a imprensa o que é conveniente e fabricando escândalos gigantescos.
Assim, superando o velho SNI, o sistema Guardião é quem manda atualmente, porque privativo de órgãos públicos oficiais, e não tão caros assim, todos os governos estaduais, ministério público, autarquias, secretarias, e talvez até prefeituras, podem adquiri-los e fazerem o uso que ultimamente estão fazendo, para fins políticos, investigações de suspeitas de crimes, corrupção, tráfico, indusutriais e ou empresariais, como é voz corrente em todos os lugares.
Ora, se depende de autorização judicial para proceder escutas telefônicas, esse comando Guardião deveria estar nas mãos da Justiça, através de servidores de fé-pública e ilibada honestidade.
Ou então que seja extinto definitivamente, como um monstro perverso que intimida toda população, que sequer tem uma pequena idéia do que ele seja, como eu imagino e exponho essa minha opinião.
E se faça as investigações de forma tradicional, mediante o exercício de habilidade e inteligência, dentro de padrões científicos de perícias técnicas, como só assim deveria acontecer.
Continuo a favor do estado de direito, e da presunção de que todos são inocentes perante a lei, até que se prove o contrário.

 http://www.istoe.com.br/reportagens/199108_DADA+E+O+SUBMUNDO+DOS+GRAMPOS

terça-feira, 17 de abril de 2012


Demóstenes, Cachoeira e espionagem

Há dias que venho evitando entrar nesse assunto de Carlinhos Cachoeira, porque entendo que tudo isso se trata de uma reles manipulação da população, querendo distorcer fatos, inventar outros e manter a mesma unidade de safadeza e corrupção. Há uma eterna crise político-governamental no país, que nos faz ter uma idéia, aqui, do que ocorre na Venezuela, e que nos chega ao conhecimento através de noticiáriuo que entendo também completamente dirigido e maquiado. Não engulo nada do que dizem e nem acredito numa única letra do que se divulga sobre tudo isso.
O noticiário dominante é sobre o escândalo de Carlinhos Cachoeira e o envolvimento do senador Demóstenes Torres, que se mostrava acima de qualquer suspeita e impunha um perfil de seriedade, ética e combatividade contra atos de improbidade na política. Preso acusado de ser responsável por exploração de jogos de azar, surgem as mais estapafúrdias revelações de diálogos com políticos de vários partidos, empreiteiros e autoridades, como se relacionar de alguma forma com esse "vírus" da política ora descoberto fosse igualmente uma epidemia de consequências devastadoras.
A imprensa se refere ao Carlinhos Cachoeira sempre como chefe de quadrilha, de contraventor, de bandido como se contra ele já houvesse alguma culpa formada, se já houvesse condenação definitiva ou mesmo acusação formal nesse sentido. E nunca o chamam de empresário ou político, ou de acusado, justamente o que representaria a sua qualificação civil no momento. Mas o que se pretende mesmo é desqualificar e execrar o cara para que nada que se diga a seu favor possa ser de alguma forma acolhido, e enlameie ainda mais quem com ele se encontrou.
E então, começam a surgir, em conta gotas, grampos e mais grampos que teriam sido feitos dos seus telefones, com conversas que nos são trazidas já com as interpretações imaginadas e até traduzidas pelos órgãos policiais, muitas vezes sem convencer a quem tenta entender as coisas pelo outro lado, e não pelo que querem empurrar em nossa goela.
E justamente por isso eu não acredito em nada do que tem sido divulgado, porque mostram trechos de gravações aleatórios, sem que se saiba o que antecedeu na conversa, se aquele trecho escolhido faz parte de algum contexto pertinente ao que inculcam ou são apenas escolhidos para ilustrar o volume de sensasionalismo que querem transformar em escândalo. Eu entendo que se as investigações e os inquéritos são chamados de "segredo de justiça", porque tantos diálogos são assim tão amplamente divulgados, sem que outros sobre o fato sejam trazidos ao nosso conhecimento?
É comum acrescentar, antes de qualquer nova "descoberta" de gravações, que seriam "feitas por determinação da Justiça", para dar um ar de legalidade. E também não engulo, principalomente porque o noticiário é uniforme em todos os órgãos de imprensa, notadamente os maiores, justamente os que se abastecem de maneira privilegiada do noticiário oficial, leia-se Jornal Nacional, essa história de "novas gravações", porque apontam para datas antigas, conversas de anos passados. Se a autorização e o inquérito são recentes, porque as gravações são antigas? Para burlar isso, chegam ao displante de dizer que vinham monitorando há muitos anos, embora antes nenhuma informação ou notícia tenha sido conhecida.
Por tudo isso, a mim não convence que somente agora esse Carlinhos Cachoeira seja essa excrescência toda, a ponto de manchar e macular qualquer pessoa que tenha com ele algum tipo de contato, e qualquer que seja a conversa tenha sido para efeito de trambicagem, como se a uma pessoa com o poder e a importância que ele sempre teve em todos os meios oficiais, não se sentisse com prestígio e influência para pedir e indicar pessoas para cargos públicos ou execução de obras públicas para movimentar as respectivas empresas construtoras ou de negócios ou de serviços.
O que eu quero dizer neste exato momento é que estamos diante de um estado policialesco, onde nem o editor deste anônimo e solitário blog está isento  de ser monitorado, e ter todas as suas conversas telefônicas de todo o tempo de sua vida vasculhadas, a revelar as conversas românticas com minhas amigas, ou uma tenttiva de fazer novas amizadas, meus passeios para tomar cafezinho e um delicioso sorvete com simpáticas e deliciosas jovens que gostam do meu papo experiente e bem humorado.
Depois eu volto ao assunto.