terça-feira, 17 de julho de 2012

Magia Negra

O facebook é sem dúvida a grande sacada do momento, onde a rede mundial de computadores finalmente encontrou o seu melhor momento, em que as pessoas, quase todas, se reúnem para confraternizar, discutir e se informar. E assim com o mundo transformado numa aldeia, as pessoas trocam idéias e opiniões, elogios, cumprimentos, saudações, buscam soluções, se manifestam políticamente, namoros e casamentos, arte, fotografia, poesia e opiniões.
De nossa parte, desde o começo que já estávamos envolvidos nessas chamadas redes sociais, participando de todas elas e compartilhando com amigos antigos e novos, com tantos que surgiram por mero acaso e que sequer conhecemos pessoalmente, muitos que conseguimos conhecer e que nos permitem inclui-los no rol dos melhores que já tivemos, simpatia, paixão, amizade e até mesmo emoção e amor de verdade. E assim o tempo passando e cada dia maior é o envolvimento de cada uma das células que mantém pulsando esse organismo cibernético mágico e espetacular.
Enquanto cresce esse meu deslumbramento pela auto inclusão no processo, algumas vezes surgiram preocupações pelo comportamento repressor e crítico dos que querem impor suas nem sempre corretas convicções pessoais. E aprendi a aceitar algumas dessas ocasiões, como forma de disseminar simpatia e atenção.
No momento, discuto um texto que surgiu numa postagem, que já chegou destinada a obter aprovação generalizada, porque precedida de uma chamada que induzia a uma conclusão.
Senti uma vontade enorme então de criticar e dizer o que e porque não gostei do texto, que logo é classificado como lindo e maravilhoso por alguns, absolutamente diferente do que penso. Ressalta sobre entrevista da sra. Rosane Collor, no Fantástico, em que, dentre outras "confidências", ela fala sobre rituais de magia negra na campanha presidencial do seu ex-marido e ex-presidente Fernando Collor.
E desenvolve toda imaginação sobre celebridades negras que foram geniais em suas atividades, e outras tantas nem tão célebres e conhecidas assim, mas que foram igualmente citadas pelo autor.
Discordo do seu fecho: O resto é feitiço racista!
Entendo que é uma frase demagógica, mentirosa e desnecessária e achei fora do contexto, desfazendo tudo que estaria escrito antes e poderia ser considerado poético, de homenagem aos que foram citados, pois que me soou como uma antipática manifestação, ai sim, racista, porque racismo vejo explícito  no que foi escrito. E de forma até mesmo equivocada, porque relaciona figuras como Pelé, Milton Nascimento e Michael Jackson.
Pelé, que mesmo negro sempre gostou de louras e brancas, e até renegou uma filha da sua cor; Milton Nascimento tem a cor da pele escura, mas jamais o vi que não fosse com os cabelos alisados e encobertos por chapéus os mais especiais; O americano nem se fala, porque negro do nariz chato, fez de tudo para ficar extremamente branco, contraindo o vitiligo, uma patologia que reduz a pigmentação natural  da pele, além de fazer plástica radical para afilar o nariz.
Dessa forma inquirido, fiquei forçado a me posicionar contra, porque acabei considerado insensível e talvez até de burro, porque não teria entendido o que se chegou a chamar de "sentido metafórico da poesia". E não é porque poesia que se tem de gostar. E o texto não fala em mais nada que se possa chamar de "resto", sem ser criativo na sua construção, chegando quase que ao lugar comum da demagogia.
Eu teria outras considerações a fazer, mas acho que já gastei meu dedo demais com isso.

O texto é este:

MAGIA NEGRA
(pelo Poeta Sérgio Vaz)

Magia negra era o Pelé jogando, Cartola compondo, Milton cantando. Magia negra é o poema de Castro Alves, o samba de Jovelina...

Magia negra é Djavan, Emicida, Mano Brow, Thalma de Freitas, Simonal. Magia negra é Drogba, Fela kuti, Jam. Magia negra é dona Edith recitando no Sarau da Cooperifa. Carolina de Jesus é pura magia negra. Garrincha tinhas 2 pernas mágicas e negras James Brow. Milton Santos é pura magia.

Não posso ouvir a palavra magia negra que me transformo num dragão.

Michael Jackson e Jordan é magia negra. Cafu, Milton Gonçalves, Dona Ivone Lara, Jeferson De, Robinho, Daiane dos Santos é magia negra.

Fabiana Cozza, Machado de Assis, James Baldwin, Alice Walker, Nelson Mandela, Tupac, isso é o que chamo de magia negra.

Magia negra é Malcon X. Martin Luther King, Mussum, Zumbi, João Antônio, Candeia e Paulinho da Viola. Usain Bolt, Elza Soares, Sarah Vaughan, Billy Holliday e Nina Simone é magia mais do que negra.

Eu faço magia negra quando danço Fundo de Quintal e Bob Marley.

Cruz e Souza Zózimo, Spike Lee, tudo é magia negra neles. Umojá, Espirito de Zumbi, Afro Koteban...

É mestre Bimba, é Vai-Vai é Mangueira todas as escolas transformando quartas-feira de cinza em alegria de primeira.

Magia negra é Sabotage, MV Bill, Anderson Silva e Solano Trindade..

Pepetela, Ondjaki, Ana Paula Taveres, João Mello... Magia negra.

Magia negra são os brancos que são solidários na luta contra o racismo.

Magia negra é o RAP, o Samba, o Blues, o Rock, Hip Hop de Africabambaataa.

Magia negra é magia que não acaba mais.

É isso e mais um monte de coisa que é magia negra.

O resto é feitiço racista.

sábado, 14 de julho de 2012

Martelando minha cabeça dura


Tenho martelado nesta minha cabeça dura as coisas que andam acontecendo, e que a cada dia me direcionam para uma mesma conclusão: Estamos vivendo uma ditadura implacável, cruel, perversa e má, mesmo não aparecendo um único ditador. O caudilho do momento é um ser absolutamente abstrato, em que a gente sabe que existe, sente, percebe mas não quer ver, mesmo sentindo a sua presença, o que torna aparentemente perfeita a sua atuação.
As coisas acontecem na forma e na medida dos interesses que elege para cada ocasião, e esta ditadura eu vejo tão poderosa que defenestrou sem disparar um único tiro os militares que antes governaram com mãos de ferro. E têm desmoralizada a classe política sob o seu comando, manipulada e amoldada ao gosto que mais deseja para o momento que decide.
Há, não tem quem me diga o contrário, um casta oculta que explora e direciona tudo que acontece e até o que não acontece em nosso país. Eu via isso claramente quando no período inflacionário, das constantes alterações da economia com a supressão dos zero como se fossem planos de recuperar a moeda, sempre às quintas-feiras apareciam boatos em forma de segredos, dando conta de alguma novidade sigilosa, geralmente dissipada ou desmentida na segunda-feira seguinte, após muita gente ganhar dinheiro com a sua divulgação, em que todo mundo acreditava.
Vejo repetidas vezes transformarem figuras tidas como impolutas e austeras em meros farrapos sociais, mediante a simples divulgação de uma notícia inicialmente banal, mas que em lances da mais evidente transformação se constituem em escândalos gigantescos, incontestáveis e até insuperáveis. O foco passa a ser a cada momento aperfeiçoado em cima daquele assunto, onde as coisas mais simples são expostas com nitidez impressionante.
A literatura mostra obras de ficção onde a imaginação dos autores leva todo mundo a se envolver com as suas criações. E não faltam, nem mesmo nos velhos gibis, os personagens do Homem Borracha, do Homem Invisível, do Mandrake, estes notoriamente heróis que combatiam as maldades dos seus inimigos, sempre praticadas contra o povo indefeso. Hoje a moderna tecnologia da computação gráfica nos apresenta outros algozes, dentre milhares de outros, como O Predador, A Bolha Assassina, e as séries em moda a atrair a atenção de jovens e adultos. São todos visíveis e previsíveis.
Mas os que a minha imaginação de cabeça dura consagrada vê são reais, talvez até com vocação para super-herói, eu não consigo tira-los da minha mente.
Pois bem, eu estive dentro de um desses furacões no célebre caso do Escândalo do Orçamento, porque amigo e então colaborador de um dos seus principais personagens, que era figura tida como promissora, a frequentar os gabinetes dos mais poderosos, galgando destaque e prestígio. De repente, não mais que de repente, um mero caso de polícia de um elemento criminoso funcionário da Câmara, em poucas suas palavras, o caso ganhou a proporção que tomou e todo mundo envolvido desceu descarga abaixo. Até hoje é o maior sacrilégio se dizer uma única palavra em favor de qualquer um desses envolvidos, sem correr o risco de ser vítima de agressões físicas e verbais.
Agora vejo o caso do senhor Carlinho Cachoeira, aquele mesmo que filmou um preposto do governo petista do senhor Lula da Silva recebendo dinheiro por serviços que lhe foram prestados ilegalmente. Na ocasião, chamaram o senhor Cachoeira de "empresário do ramo de loterias" e então se desencadeou o célebre escândalo do mensalão, que sobrevive ativo até hoje, agora mudando de cenário.
Por último, sem quê nem praquê, a Polícia Federal resolveu "investigar" o jogo de bicho em Goiás, e descobre, o que todo mundo de lá já sabia há milhares e milhares de anos, que Carlinhos Cachoeira era banqueiro de bicho, e que bancar bicho é o pior crime que existe sobre a terra e a humanidade, porque qualquer pessoa que, por acaso ou intencionalmente, tenha dado um simples psiu com Cachoeira foi contaminado e passou a ser ladrão e desonesto, sumariamente, independente de qualquer prova ou evidência, bastando simplesmente decifrar o que a conversa possa significar para o investigador, desde que no seu entender se direcione para uma possível imoralidade.
E assim, de gota em gota, a gosto do patrão ditador oculto e abstrato, as frases são pescadas num mar de milhares de horas de gravação, logo tidas como "autorizadas pela Justiça" e possam ganhar ares de autenticidade.
E aquele senador, outrora impoluto e bajulado, acaba com o mandato cassado, porque teria mentido dizendo que era apenas amigo do "contraventor" e não sabia das suas atividades ilícitas, em relatório aprovado, de autoria de outro senador que recentemente fora absolvido de acusações escandalosas de integrar uma quadrilha de corruptos. Terá sido mentira do senador cassado afirmar que o senador relator era uma pessoa honesta e honrada?
Assim, com essa manipulação vencedora, a ditadura atual impõe, à maioria ingênua da população, um mundo de moralismo pragmático, conduzindo-a acintosa, e as vezes até descaradamente, para interpretações precipitadas, com conclusões favoráveis aos seus objetivos de enganar e iludir.
Sei que nada vale este modesto cabeça dura desconfiar da existência dessa ditadura pseudomoralista da mídia a favor dos seus inivisíeis formadores. O que também não impede de que possa escrever e expressar o que penso, que seja apenas a mim mesmo.