sábado, 30 de maio de 2015

O buraco é mais embaixo

Vivemos num mundo tão afeito a notícias de desonestidades, que é muito fácil as pessoas encamparem acusações e logo condenarem quem estiver envolvido em qualquer escândalo, mesmo sem saber o que estaria acontecendo..
O episódio da Fifa, ao movimentar o FBI e o próprio Departamento de Justiça americano, se mostra como muito mais sério do que mera investigação sobre propinas, porque a vítima sem dúvida seria a própria Fifa, como já desconfiava.
Transformou-se numa questão de estado, a partir da eliminação dos Estados Unidos como candidato à Copa do Mundo, perdendo justamente para a Rússia.
O objetivo seria mesmo desbancar o Joseph Blatter que, não sendo nenhum amador, resistiu ao impacto e manteve-se presidente com larga vantagem de votos. Agora ele se prepare para as consequências, porque os ianques jogam duro e jogam sujo. 
O pior é que se tem corrupção ou não será um problema exclusivo da entidade do futebol, que tem mais filiados que a ONU e o presidente é uma espécie de papa, e a Fifa tem dado demonstrações repetidas do seu poder e da sua competência no comando e na organização dos seus eventos, vistos e consagrados pelo mundo inteiro 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mais um caso de briga na partilha do furto

Essa história da Fifa é contada como um absurdo, mas na verdade eu vejo como mais um caso de briga na partilha do furto. Alguém lá nos states, inconformado com alguma coisa, decidiu fazer uma investigação e utiliza o FBI que programa a diligência para a véspera da eleição do novo mandato presidencial de um cargo tão importante quanto o do papa, como se fosse um delegado do bairro, e não numa ação internacional contra pessoas de países tão diferentes.
Ora, todo mundo fala e proclama como uma coisa extraordinária o volume de dinheiro que envolve os negócios do futebol, que são na verdade estarrecedores, das exigências e normas impostas pela instituição para realização de qualquer evento, e do invejoso nível de organização e pontualidade nos jogos de qualquer campeonato futebolístico no mundo, um monopólio intocável.
É uma instituição de direito privado, e atrai a inveja e a  cobiça de qualquer pessoa que se diz empreendedora, um investidor em potencial num mundo muito restrito a muitos poucos. E não só na Fifa, mas em qualquer nível de atuação, desde as pessoas mais humildes das periferias principalmente, cujo sonho é ser jogador de futebol e ficar rico, e nenhuma outra atividade é capaz de realmente promover mais sucesso financeiro quando se consegue ter habilidade no domínio da bola.
Os números são tão super valorizados que se fala em salário de um técnico de futebol, por exemplo em milhares de reais; um jogador meio boca que caia nas graças da mídia, fatura salários inimagináveis, e quem ganha 200 mil, por exemplo, tá ganhando pouco; Luxemburgo considerava trabalhar de graça no Flamengo, porque ganhava em torno de 250 mil reais.
E sendo uma instituição privada, nem sei onde se assegura o direito de órgãos públicos investigar e se intrometer nos negócios da Fifa e das suas confederações, seus contratos e até prováveis vantagens auferidas por intermediários.
Vejo esse escândalo como mais um abuso de poder de polícia, que investe numa investigação aleatória, para encontrar algum tipo de irregularidade de cunho fiscal ou administrativo, e a presença agora da Polícia Federal e do Ministério Público local é ainda de um oportunismo de quem se julga com o poder de quem tudo pode e que acha que pode tudo.