quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Agora é pegar ou largar

A guerra da barganha política do momento tem lances impressionantes, e vislumbro um que está passando despercebido, qual seja o golpe do Conselho de Ética, mancomunado com o governo, no sentido de golpear o deputado Eduardo Cunha. Este já demonstrou que é muito mais frio e experiente do que se imagina, e mesmo debaixo de todo tipo de bombardeio, legal, ilegal e ou montado como diz, segue presidente da Câmara.
E porque o PT queria salvar Dilma e prometeu salvar Cunha primeiro, volta atrás porque o golpe não pode ser dado, ou seja Cunha arquivava o pedido e mesmo assim eles votariam pelo processo de cassação, como se fossem heróis; Cunha não morde a isca, percebendo a jogada que a presidente e seus comandados estavam participando, decide acolher o pedido, inicia o processo de impeachment e a confusão está armada.
E não vejo ética num Conselho que muda o regimento para ampliar o tempo de cada deputado para discussão do parecer relator do processo, e abre mão pra todo mundo falar, membro, suplente, líder, vice líder, deputados, para a sessão cair, porque chegaria ao início da sessão do Congresso, e não haveria a votação do parecer para a cassação, achando que Cunha anunciaria o arquivamento; e como isso não aconteceu, os votos do PT para salvar Cunha são negados e Cunha simplesmente faz o que já era esperado.
E vem para o bate-boca de vizinhos, jogando os podres de Cunha e se esquecendo de seus podres, que começa num passado de terrorista, em que foi presa, processada e condenada, ao presente de mentiras e malfeitos amplamente conhecidos, e declarados na petição dos juristas que pedem a instauração do impeachment.
O mais prudente teria sido se defender das acusações feitas pelos juristas, porque o bate-boca não é tão favorável a ela, que tem Pasadena em seu currículo e um processo de impugnação eleitoral no seu encalço. Se não for deposta, no mínimo será diplomada como incompetente e irresponsável, ao assinar um parecer sem ler e receber dinheiro nas contas da campanha sem saber.
Agora, se não houver golpe, vai ter que partir para o voto, e quem tiver mais decide se arquiva ou bota ela pra fora. O jogo é exclusivamente político.

sábado, 28 de novembro de 2015

O senado não soltou o senador



Eu era favorável a soltura do senador, mesmo sendo ele considerado corrupto e do PT, porque entendo que ficou nebuloso o ato de prisão tida como em flagrante, e se o "crime" seria inafiançável. Sou pelo direito, seja de quem for. No caso das bravatas dos que votaram pela manutenção da prisão, entendo como demagogia barata, sugiro que foi uma forma de bajular, em proveito próprio, o STF, já que não vejo ninguém inocente naquele colegiado. Os poderes são autônomos e independentes, e não existe hierarquia entre si. Pesou, na minha inútil opinião, apenas o fato de, nas gravações mostradas pela mídia, falarem nos nomes de alguns ministros, que seriam contactados para as decisões a serem requeridas, como se isso fosse uma coisa inédita, como se os ministros também, quando quiseram ser indicados para os seus cargos, não tivessem procurado os senadores, um por um, para que os escolhessem. Lamentavelmente o ambiente é de tanta falta de vergonha, e a mídia dirigindo o noticiário da forma que lhe interessa, enquanto a opinião pública, por natureza, tende a ser moralista e condenatória, porque os "fatos" lhe são encaminhados nessa direção. Eu, pela mania de cabeça dura não engulo, mas é apenas a minha opinião que sequer pretendo dividir com os amigos, apenas expresso aqui porque gosto, mas claro que não tem qualquer objetivo e nem efeito.

sábado, 30 de maio de 2015

O buraco é mais embaixo

Vivemos num mundo tão afeito a notícias de desonestidades, que é muito fácil as pessoas encamparem acusações e logo condenarem quem estiver envolvido em qualquer escândalo, mesmo sem saber o que estaria acontecendo..
O episódio da Fifa, ao movimentar o FBI e o próprio Departamento de Justiça americano, se mostra como muito mais sério do que mera investigação sobre propinas, porque a vítima sem dúvida seria a própria Fifa, como já desconfiava.
Transformou-se numa questão de estado, a partir da eliminação dos Estados Unidos como candidato à Copa do Mundo, perdendo justamente para a Rússia.
O objetivo seria mesmo desbancar o Joseph Blatter que, não sendo nenhum amador, resistiu ao impacto e manteve-se presidente com larga vantagem de votos. Agora ele se prepare para as consequências, porque os ianques jogam duro e jogam sujo. 
O pior é que se tem corrupção ou não será um problema exclusivo da entidade do futebol, que tem mais filiados que a ONU e o presidente é uma espécie de papa, e a Fifa tem dado demonstrações repetidas do seu poder e da sua competência no comando e na organização dos seus eventos, vistos e consagrados pelo mundo inteiro 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mais um caso de briga na partilha do furto

Essa história da Fifa é contada como um absurdo, mas na verdade eu vejo como mais um caso de briga na partilha do furto. Alguém lá nos states, inconformado com alguma coisa, decidiu fazer uma investigação e utiliza o FBI que programa a diligência para a véspera da eleição do novo mandato presidencial de um cargo tão importante quanto o do papa, como se fosse um delegado do bairro, e não numa ação internacional contra pessoas de países tão diferentes.
Ora, todo mundo fala e proclama como uma coisa extraordinária o volume de dinheiro que envolve os negócios do futebol, que são na verdade estarrecedores, das exigências e normas impostas pela instituição para realização de qualquer evento, e do invejoso nível de organização e pontualidade nos jogos de qualquer campeonato futebolístico no mundo, um monopólio intocável.
É uma instituição de direito privado, e atrai a inveja e a  cobiça de qualquer pessoa que se diz empreendedora, um investidor em potencial num mundo muito restrito a muitos poucos. E não só na Fifa, mas em qualquer nível de atuação, desde as pessoas mais humildes das periferias principalmente, cujo sonho é ser jogador de futebol e ficar rico, e nenhuma outra atividade é capaz de realmente promover mais sucesso financeiro quando se consegue ter habilidade no domínio da bola.
Os números são tão super valorizados que se fala em salário de um técnico de futebol, por exemplo em milhares de reais; um jogador meio boca que caia nas graças da mídia, fatura salários inimagináveis, e quem ganha 200 mil, por exemplo, tá ganhando pouco; Luxemburgo considerava trabalhar de graça no Flamengo, porque ganhava em torno de 250 mil reais.
E sendo uma instituição privada, nem sei onde se assegura o direito de órgãos públicos investigar e se intrometer nos negócios da Fifa e das suas confederações, seus contratos e até prováveis vantagens auferidas por intermediários.
Vejo esse escândalo como mais um abuso de poder de polícia, que investe numa investigação aleatória, para encontrar algum tipo de irregularidade de cunho fiscal ou administrativo, e a presença agora da Polícia Federal e do Ministério Público local é ainda de um oportunismo de quem se julga com o poder de quem tudo pode e que acha que pode tudo.

quinta-feira, 26 de março de 2015

O valioso tempo dos maduros



Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo
que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário de Andrade

sábado, 7 de março de 2015

O paredão múltiplo do dr. Junot


Tão inútil quanto o do BBB, o paredão múltiplo do dr. Junot, armado pelos “gênios” marqueteiros do planalto, e como toda a propaganda enganosa, produziu muito barulho mas nenhum resultado. Um desfecho conduzido para ser anunciado num fim de semana, em pleno Jornal Nacional, com enorme expectativa e prenúncio de audiência recorde, em que não se acrescentou uma única letra a tudo que já era de conhecimento público, deixando apenas frustração , decepção e descrédito, porque os nomes que mais se esperavam não foram citados, e o deboche ao comunicar que o nome da presidente deixou de ser citado porque o tal dr. Junot se julga incompetente para investigá-la.
Divulgada a lista do paredão, nenhuma novidade, nenhum nome bombástico como se esperava, apenas um de partido de oposição, mas se tem notícia de que a acusação é  tão frágil que servirá mais para a consagração do investigado. E como pessoas ingênuas ou desinformadas, os repórteres e apresentadores se revezam em apontar o caminho seguinte à divulgação da lista pelo STF, e se esforçam repetidamente para dizer o óbvio, ou sejam serão investigados em diligências determinadas ou acompanhadas pelo relator.
Cá de fora nós é que perguntamos: - E agora, como é que fica?
Na verdade não fica. Já se fala que a presidente tem um projeto de lei para a dissolução do congresso, e assim o executivo ditar e aprovar as leis ao seu bel prazer e conveniência. Vivemos num mundo de tapeação e mentiras, em que não se tem como acreditar em nada, em nenhum poder, principalmente no judiciário, porque sendo este o guardião do direito, assistimos o arbítrio arrogante, com torturas através de assédio contra suspeitos que permanecem presos e incomunicáveis, onde se abusa dos processos secretos ou sigilosos, na expectativa de vencer o acusado pelo cansaço.
Seria compreensível o processo político nos meios políticos dos parlamentares e dos partidos, mas incompreensível que isso ocorra através de ações judiciais e do judiciário, em que o ministério público, que é o advogado da sociedade, se ponha em posição duvidosa e sem consistência. Sabe-se que o dr. Junot está prestes a terminar o seu período como procurador, e tentou lavar as mãos ao não denunciar os investigados, não incluir a presidente e o ex, notórios beneficiários das propinas do petrolão, enquanto aguarda uma nova indicação do seu nome, a ser homologado pelo congresso.

A verdade é que o paredão está formado, e como o BBB da TV, completamente inútil.

quinta-feira, 5 de março de 2015

A lista é lógica

Direito é lógica, isso é definitivo e irrecorrível. Mas se assiste a manipulações infinitas de que nada existe e que tudo precisa ser dito e muito bem explicado, e muitos ainda ficam em dúvida do que estão vendo e ouvindo, como se o fato do dia fosse o primeiro a acontecer no mundo.
E como se não houvesse lógica e consequentemente o direito, o Brasil está parado esperando a decisão pessoal de um único ministro para escolher os que vão para a fila de abate público do petrolão.
Mesmo a conta gotas e ao arbítrio do juiz presidente do Lava Jato, um noticiário dirigido convenientemente para ilustrar a operação já divulgou os nomes dos que foram apontados pelos delatores premiados (!), e tudo é tido como verdadeiro, mesmo tendo no rol pessoas falecidas e que jamais poderão se defender.
Sem precisar da ponta do dedo duro dos supostos criminosos presos, a ser verdade que houve mesmo distribuição de propina e distribuição da comissão petista de 3% que qualquer barbudinho nomeado sabe que existe, o que deveria se buscar era tão somente para onde foi o dinheiro, e os alcaguetes premiados já disseram que foi para as campanhas eleitorais, dentre outros, do Lula e da Dilma.
E em assim sendo, como dão tanta veracidade e se comemora quando surge um nome da oposição, porque o segredo e o sigilo, que embora pareça não são a mesma coisa?  
Ou se tem medo de algo muito mais grave e que já seria do conhecimento daqueles que hoje são os donos da verdade, ou querem aproveitar o escândalo para as manobras rasteiras de costume, que nada têm de lógica e nem de direito.
Termina no final do mês o ano do cinquentenário da gloriosa.