Passa,
passa, passaé, quem não passar, vai pra passé.
Os anos se
passando e tudo se passa e nem passado ainda é.
Ano passado
o ano passou e este ano vai passar de novo.
E os que
passaram comigo, podem ter passado bem,
Eu ainda
estou passando.
Quem quiser ver
a como a gente passa, passa aqui com a gente.
Aqui tudo
passa, o sol se passa, a chuva se passa e até o sereno também se passa.
O poeta já
disse:
Passa o tempo E a vida passa
E eu De alma ingênua Acredito
No sonho doce infinito
Plenitude Enlevo e graça
Que sem tortura ou revolta
Estou cantando ao luar
Vamos dar a meia-volta
Volta e meia Vamos dar
Depois a estrada poeirenta
Os pés sangrando em pedrouços
E apaziguando alvoroços
A alma intranquila e sedenta
Murchessem todas as flores
A correnteza das horas
As trevas sobre as auroras
Os derradeiros amores
Recordo o passado inteiro
E as voltas Que o mundo dá
Meu limão Meu limoeiro
Meu pé de jacarandá
E aquele ao léu do destino
Que inspirou tanto louvor
Cajueiro pequenino
Carregadinho de flor
Passa o tempo
E eu fico mudo
Ontem ainda a ciranda
Vida à toa
A trova branda
Agora envolvendo tudo
O vale nativo
Os combros
Várzea
Montanha
Leveza
Essa poeira de escombros
De que se nutre
A tristeza
Velho
Recordo o menino
Que resta de mim
Sei lá
Cajueiro pequenino
Meu pé de jacarandá
(Nestor Oliveira)