sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 


Passa, passa, passaé, quem não passar, vai pra passé.

Os anos se passando e tudo se passa e nem passado ainda é.

Ano passado o ano passou e este ano vai passar de novo.

E os que passaram comigo, podem ter passado bem,

Eu ainda estou passando.

Quem quiser ver a como a gente passa, passa aqui com a gente.

Aqui tudo passa, o sol se passa, a chuva se passa e até o sereno também se passa.

O poeta já disse:

Passa o tempo E a vida passa

E eu De alma ingênua Acredito

No sonho doce infinito

Plenitude Enlevo e graça

 

Que sem tortura ou revolta

Estou cantando ao luar

Vamos dar a meia-volta

Volta e meia Vamos dar

 

Depois a estrada poeirenta

Os pés sangrando em pedrouços

E apaziguando alvoroços

A alma intranquila e sedenta

 

Murchessem todas as flores

A correnteza das horas

As trevas sobre as auroras

Os derradeiros amores

 

Recordo o passado inteiro

E as voltas Que o mundo dá

Meu limão Meu limoeiro

Meu pé de jacarandá

E aquele ao léu do destino

Que inspirou tanto louvor

Cajueiro pequenino

Carregadinho de flor

 

Passa o tempo

E eu fico mudo

Ontem ainda a ciranda

Vida à toa

A trova branda

Agora envolvendo tudo

 

O vale nativo

Os combros

Várzea

Montanha

Leveza

Essa poeira de escombros

De que se nutre

A tristeza

 

Velho

Recordo o menino

Que resta de mim

Sei lá

Cajueiro pequenino

Meu pé de jacarandá

(Nestor Oliveira)