quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Meu voto

Eu nunca me emprenhei pelos ouvidos, sempre gostei de ter a minha opinião, dai acharem que a minha cabeça é dura. Eu não engulo essa tal de lava jato, e posso até ser a única pessoa que assim pensa e discorda da avalanche de acusações por mera suspeita de crimes, a partir de exercício de imaginação de chamados investigadores da polícia federal ou procuradores do ministério público. Nem por isso absolvo, no meu julgamento particular, a maioria dos envolvidos na corrupção do petrolão, ou nas mutretas petistas tão amplamente divulgadas.
Vejo como abuso de autoridade e de poder essas prisões no atacado que o juiz Moro determina com sofisticada frieza, nada demovendo do seu castigo as pessoas citadas em interrogatórios ou em meras desconfianças vindas de especulações surgidas em frases garimpadas em celulares e ou anotações pessoais. Essa última que mandou prender o publicitário é de uma perversidade incomum, porque o próprio se oferecera para depor e esclarecer as dúvidas que o estrelismo de uns poucos já anunciavam como criminosas.
E há sim um incontrolável prazer no cumprimento das prisões, dando um ar de justiça no tratamento entre presos, como se todos fossem bandidos e já estivessem condenados, e como se a pena não fosse a restrição de liberdade, mas o escárnio e a humilhação, o esculacho propriamente dito. Mobilizar forte esquema de policiais grandões com armas de grosso calibre para conduzir o João Santana e sua esposa, e os colocarem de cabeça baixa e com as mãos para trás e ainda segurando-os pelos braços, é muito cruel para quem acredita na justiça e nos julgamentos. Isso é tortura explícita. Mesmo que o mesmo fosse o maior bandido do país e seus crimes fossem os mais desumanos. 
Não acredito na justiça imposta pela lava jato, porque ninguém é dono de verdades, a verdade é absoluta e única, não se pode, e como não pode também não se deve, julgar com a consciência, a consciência é subjetiva e pessoal, mas tão somente com a lei. 
Há sim abuso e não se respeita o estado de direito. Toda a mídia, preguiçosa e submissa, não tem acesso a nada além do que está em apuração pela lava jato, sobrevive exclusivamente do que lhes é passado, sem direito a uma única palavra a mais das que divulgam, e sequer permitem imagens, fotos.
Jamais escondi a minha aversão ao PT e a Lula, sempre o considerei um vigarista, o maior de todos eles, políticos ou não, mas o que se faz agora é sim perseguição, e não é coisa de política, é de abuso da ditadura que membros ministério público e do judiciário estão impondo à nação para desmoralização da classe política, que a rigor também não se dá ao respeito.
Assim, cada vez mais me recolho às minhas próprias elucubrações, que também a ninguém interessa.