sábado, 25 de abril de 2020

Ingênuo, vaidoso e desleal

Mais um capítulo desse linchamento generalizado da mídia e de adversários ocultos e declarados de Jair Bolsonaro, presidente da República. Finalmente ontem o ex-juiz Sérgio Moro concretizou a sua saída do Ministério da Justiça, que assumiu dizendo com o propósito de dar continuidade ao trabalho de combate à corrupção de políticos, com um instrumento que pudesse alcançar todas as suas etapas.
Desde cedo foi criticado, pois que acabou acusado de ter favorecido a campanha eleitoral do atual presidente, com as operações policiais autorizadas contra o ex-presidente Lula, e que resultaram na sentença que o condenou a prisão, referendada pelo Superior Tribunal de Justiça, e executada em espetáculo midiático estendido até o horário do Jornal Nacional, que transmitiu ao vivo, toda, a até a chegada à sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde o preso ficaria recolhido numa sala, por deferência especial do próprio juiz, "em homenagem ao cargo que ele ocupou".
Acostumado com um séquito de bajuladores no âmbito da justiça, onde advogados, promotores e partes o incensavam para buscar resultados favoráveis aos seus pleitos, passou a enfrentar justamente aquele outro lado onde viviam os que ele dizia combater, e sequer conseguiu aprovar como queria o pacote de propostas para fortalecer o combate ao crime organizado, onde estava a prisão após condenação em segunda instância. Acabou por criar o primeiro atrito com o Congresso Nacional, e ganhou uma descompustura pública do Rodrigo Maia, que o chamou de office boy do Presidente da República. Suas propostas foram alteradas e aprovadas sem conter as medidas duras que pretendia implementar. Faltou também o que os políticos chamam de "articulações" para aprovar outras medidas e teve que engolir a aprovação da lei de abuso de autoridade.
Mas seu inferno astral aumentou quando passaram a publicar diálogos digitais de whatsapp e telegram, contendo conversas entre os procuradores da Lava Jato, combinando operações e dando orientações em processos sob a sua jurisdição. Logo teve as suas decisões sob suspeitas de parcialidade, tendo sempre que se explicar a cada publicação surgida sempre trazendo novas conversas, e responde a processo tramitando no STF.
Por outro lado, com o visível propósito de bombardear o presidente Bolsonaro, a chamada elite da imprensa, formada por blogueiros e colunistas considerados militantes partidários e ideológicos, não lhe poupava críticas e cobranças pela pouca atuação nos processos que surgiram envolvendo Eduardo e Flávio Bolsonaro. Enquanto igualmente cobrado por não concluir inquéritos importantes, como o da facada sofrida em campanha pelo então candidato, que apresentou um resultado ridículo, e pouco interesse no processo do assassinato de Marielle.
Detentor de uma "carta em branco" que lhe outorgara o presidente, o ministro impôs a sua vontade sempre, e não foram poucas as vezes em que a imprensa noticiava o seu pedido de exoneração, e era visível o seu desinteresse em integrar a equipe do governo. Convocado para esclarecimentos em comissões do legislativo, enfrentou muitos embates, onde sempre era alvo de descompostura, xingamentos e achincalhe humilhantes, reagindo de forma tímida, talvez respeitando o regimento e a liberdade de expressão dos parlamentares.
A crise pandêmica do corona virus atraiu para o presidente Bolsonaro todos os tipos de críticas e até denúncias, por considerar a doença uma simples gripe, por ele frequentar ambientes, andar pelas ruas, cumprimentar pessoas, com pedidos curiosos de impedimento, inquéritos, e toda a sorte de patrulhamento pessoal e de comportamento. Nesse clima, qualquer opinião, médica ou não, tinha um peso de credibilidade, mas ao presidente, uma simples sugestão de providência era confrontada com e combatida e criminalizada, o que resultou na exoneração do Ministro da Saúde, em episódio conturbado.
A mídia passou a ser pautada pelos blogueiros adversários, quase todos, incentivando manifestações de desapreço, através de panelaços e publicações nas redes sociais, e intrigas com noticiais falsas ou especulações, como se o objetivo seja de ir derrubando um por um dos ministros do governo. Fofocas  com Mandeta focando sua vaidade, em seguida as mesmas fofocas com o Sérgio Moro, que já atingiram em cheio o alvo. Está na lista agora o ministro Paulo Guedes, mas este é mais seguro e talvez não morda a isca.
Enquanto isso, aumenta o número de queixas para derrubar todo o governo, e a área de atrito criada pelas lives do presidente e dos seus seguidores nas chamadas redes, tem provocado também manifestações extemporâneas e inadmissíveis de ministros superiores do STF, cujo poder parece que agregou, à sua missão de julgar processos em última instância, uma participação política efetiva, afinada com o legislativo, mas completamente contrária ao executivo.
O que mais surpreendeu nesse último ato, é que o até então considerado moderado e ético, Sérgio Moro desconsiderou mandamentos da civilidade para, a pretexto de discordar de uma orientação do seu superior, agir de forma deselegante e desleal, mesmo que até lhe sobrem razões pessoais, sequer pedir formalmente a sua exoneração, abandonar ruidosamente o cargo que aceitara (e justificou porque o aceitou), com acusações generalizadas, como se estivesse municiando os adversários do presidente, apontando prints de conversas digitais como se fossem provas, diálogo inconclusivo, de forma quase ingênua, servindo mais para aumentar um incêndio que parece devastador, mas que espero seja apenas uma mera combustão forçada de alcool gel.